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Hoje é aniversário do meu maior adversário

Hoje, é aniversario do meu maior adversário. Seu nome é Álamo Costa e não por coincidência, seu nome foi inspirado em uma guerra lendária.

Em 1836, os mexicanos passaram 2 semanas para conseguir tomar o inesquecível FORTE ÁLAMO. A bravura de seus defensores impulsionaram os texanos anos depois, que aos gritos de Remember The Alamo! – “Lembre o Alamo”), conseguiram retomar o FORTE dos mexicanos, declararando assim a independência do TEXAS.

Respeito a bravura dos texanos, mas meu martírio foi muito pior, tive que disputar esse mesmo FORTE (Ambev), durante meia década com o Álamo do século XXI – um profissional arrojado que gostava de ganhar tudo, extremamente competitivo e que levava qualquer adversário ao limite.

Há um ditado Japonês, que versa sobre a necessidade de se ter um tubarão em um tanque cheio de peixes para que esses se movimentem o tempo todo e consigam sobreviver ao tubarão e as longas jornadas do barco pesqueiro, do contrário, eles ficariam acomodados, moles, moribundos e morreriam do ócio. Sábios esses japoneses.

Álamo foi o tubarão do meu aquário enquanto estivemos juntos na AmBev.

Toda empresa tem sua cultura, e não vou dizer aqui qual é a melhor, pois acredito que podemos chegar à vitória de várias maneiras. Gosto de falar apenas do que vivi, pois experiências pessoais são mais críveis do que qualquer manual de bolso dessas livrarias de aeroporto.

Algumas empresas incentivam e estimulam a competição interna. Se você é competitivo e gosta disso, bem vindo ao parque de diversões.

Você pensa o contrário, não gosta de competição exacerbada?

Relembrando a história você vai perceber que diversos foram os embates entre adversários históricos.

A competição, a gana, a cólera pela vitória proporcionou aos envolvidos a superação de vários recordes e a criação de maravilhas.

Muhammad ali versus George Foreman, Senna x Prost , Steve Jobs versus Bill Gates, não importa, o surgimento de tantos ícones, dentre outros fatores só foi possível porque havia um adversário, um ”inimigo” querendo tomar um FORTE, alguém que tirava nossas noites de sono, alguém que nos levava ao limite. Com meu amigo Álamo também era assim.

Na Ambev, os prêmios mensais e anuais eram o objetivo de todos, além do reconhecimento em nível nacional os prêmios vinham carregados de bônus pomposos. Apesar da grana boa, o que mais me interessava era “tomar café com o presidente”. Isso mesmo, a cerimônia de entrega dos prêmios sempre era feita em um café com as principais lideranças da empresa.

Em grandes corporações criar esse tipo de intimidade com o presidente é fundamental para catapultar seu nome quando surgirem oportunidades. Eu sabia disso e, para minha infelicidade, Álamo também.

Quando éramos vendedores, cada um ganhava o prêmio da sua sala de vendas e tudo estava indo muito bem, meus adversários eram medianos e eu conseguia fácil, Álamo era esforçado, talentoso, também conseguia superar com maestria os adversários da sua sala. A admiração era mútua, mas tudo começou a mudar quando fomos promovidos a supervisores e começamos a disputar diretamente os prêmios de melhor supervisor da unidade. O bicho pegou. O pau comeu.

O acompanhamento dos números era ferrenho, disputávamos garrafa a garrafa, quando a tendência de vendas parecia melhor para um dos dois lados o outro corria desesperadamente atrás do prejuízo. Era um mês intenso, não havia descanso e confesso , isso sempre foi mais desgastante para mim do que para ele, eu não me sentia bem trabalhando 14 horas por dia , faltando faculdade, passando pouco tempo namorando, chegava a comemorar o final de semana apenas para dormir.

A competição entre nós era tão acirrada, que jogávamos futebol aos sábados na fábrica e minha meta era ganhar do time dele, nunca jogávamos juntos. Nós nos odiávamos, mas no fundo nos respeitávamos. Eu torcia para que ele quebrasse o pé durante o jogo, mas era apenas um surto exagerado de competitividade, intimamente desejava apenas que aquele miserável diminuísse o ritmo.

Eu queria fazer um apenas o feijão com arroz melhorado, eu estava querendo empurrar com a barriga, mas aquele desgraçado não descansava um só segundo, ele queria meu fígado em uma bandeja de prata, queria o meu lugar, o meu reino, o meu FORTE e isso eu jamais permitiria. (empolguei-me nessa parte).

O que aprendi com Álamo sobre o ato de competir?

Ritmo – Meta requer cadência, você começa na primeira marcha e a intensidade vai subindo gradativamente – todos sabemos que as coisas acontecem mesmo depois do dia 15, estamos no Brasil e não nos EUA. Aqui tudo acontece aos 45 do segundo tempo. Sua equipe precisa saber que o mês começa na primeira marcha, mas no final precisam bater a meta apertando no TURBO.

Debilidades – Descubra os pontos fracos do seu adversário e explore isso em seus argumentos. Pode parecer sacana, mas não é , isso é uma competição e não uma feira hippie para salvar o mundo.

Planejamento – não se atinge uma meta mensal gastando 2 horas para planejar o mês, isso é idiotice. Você precisa construir o número que vai atingir sabendo exatamente o que vender, para quem vender e em que quantidades.

Finja de morto – escancarar suas estratégias é um erro. Você deve prometer menos, deve aparentar ser frágil, deve dar pistas falsas, deve ser dissimulado, pois quase sempre seu adversário vai desacelerar, e é nesse momento que o Samurai sai da cabana e mete a espada na barriga do ninja. Para disputas acirradas, guarde sua “manga”, seu coringa, e só use aos 45 do segundo tempo.

Exaustão – cheguei uma vez em caso por volta de meia noite, eu fedia mais que um gambá, eu tinha trabalhando tanto naquele mês para vencer o Álamo, que perdi um pouco a noção de tempo e espaço. Mas foi incrível o que aconteceu: após o banho, peguei no sono rápido e minha namorada que dormiu comigo falou que eu passei a noite toda em um sono profundo e com um semblante que misturava sorriso e paz… (empolguei-me novamente)

E no fim, quem ganhou esse duelo de titãs? Ganhei muitas, perdi muitas, foram meses de altíssima performance dos dois lados. Mas quem mais ganhou foi a empresa, que teve seu FORTE protegido por dois guerreiros. Álamo e eu somos amigos hoje em dia, não competimos mais, quer dizer, por enquanto…


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